sábado, 28 de agosto de 2010

Postagem de 2006 - Artigo 057

Cogito, ergum sum*

“Só sei que nada sei” - Sócrates (séc. V)

Como Sócrates (469 – 399 ac), é assim que sinto quando encontro quem sabe menos e os que sabem, aprisionados ao saber não socializam tal palavra, que pode alterar os desígnios e transformar.

Voltaire (1694-1778), nos deixou um legado para reflexão: “Julga-se verdadeiramente um homem por suas perguntas e não por suas respostas”. Por sua vez Merleau-Ponty definiu bem sucinto o ato em que o Homem ao saborear o prazer da filosofia “Desperta e Fala”.
Filosofia, que significa “amor à sabedoria” (philos-sophia) é a base da procura “amorosa da verdade”.
Dormentes estão alguns, agarrados ao poder e ao saber que fica trancafiado no íntimo, não sendo matéria para que a sociedade (civitas) possa mudar a cidade (polis) e o cidadão, ético, com direitos (tudo invenção nos tempos que antecederam o “louco” do Sócrates) possa então se apoderar também do conhecimento, e quiçá, possa “ver coisas nunca dantes vistas” para admirar-se do que está à sua volta, depois de conhecer à ele mesmo e de através do direito de pelo menos “falar”, possa nos âmbitos públicos expressar suas indagações para tentar entender os discursos dos “políticos”, outra invenção dos “Gregos” que vivendo na abundância sobrava tempo para uma “matutada” sobre as coisas da vida e para poder exercitar a palavra construindo o que conhecemos como “Democracia”. Democracia, que para muitos significa apenas o direito de escolha pelo voto, é muito mais, e tem sua sobrevivência estabelecida pelo conjunto da população (Demos), inclusive a parte mais pobre somada a casta soberana e que possuem o poder arbitrário (Cratos), para efetuarem a “árdua” tarefa de administrar a cidade, abrindo ao conjunto da população o poder de decidir sobre o destino da sociedade. É bom lembrar que “era assim” no passado e muito mudou na maneira “democrática” atual. Bem definiu Péricles (séc. III ac) assim sobre o tema: “Democracia é o governo dos muitos, em oposição ao (injusto) governo de minorias privilegiadas”.
Tal fórmula para aplacar o desejo de “participação” do povo foi inventada no tempo de Homero (séc. VII) e consolidada na Atenas de Sólon e Clístenes (séc. VI), um século antes do feio, baixinho e chato grego que acusaram de subverter a ordem e de “corromper a juventude” com suas questões que botavam abaixo os “poderosos sábios” que se julgavam acima dos demais e que, no final das contas, sabiam menos ou nada do que ele também achava que não sabia, pois sempre restaram mais perguntas ante as respostas evasivas ou sem conteúdo que lhes devolviam suas “vítimas”, e quando lhes restava a ciência de quão tolos eram, passaram a odiá-lo.
Platão (428-346 a.C.), discípulo e filósofo que escreveu sobre o pensamento Socrático, deixou-nos uma explicita definição sobre o “subversivo”, que no foi legada pelas palavras de Aristóteles (384 – 322 ac): “De todos os animais selvagens, o homem é o mais difícil de domar”.
O bom, é que 2.600 anos depois do “louco” ser condenado a tomar veneno, e dar sua vida sem deixar uma só linha escrita do seu saber para a posteridade, sabemos que não é mais preciso “matutar muito” atrás de uma mesa em um gabinete público para aplicar com ações, uma evolução as necessidades básicas da comunidade. Para isto, foi descoberto o Método TORDA.**

E, para quem sabe do que escrevo, acredito que esta seria a primeira iniciativa para algo mudar de verdade.

* “Penso, Logo existo” - René Descartes (1596-1650)
** “Tire O Rabo Do Assento”

Julio Wandam
Ambientalista

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