quinta-feira, 15 de julho de 2010

Postagem de 2009 - Artigo 013

Na cidade das "cabeças de vento" não vai faltar energia para os Espanhóis

“A inguinorança é que astravanca o pogréssio” - autor desconhecido


Por Júlio Wandam


Depois de longos anos vivendo nesta cidade de Tapes, vejo que muitas evoluções e revoluções ocorreram, e em determinada época, tive o privilégio de ter a imagem e atitude de três cidadãos "em especial" influenciando de forma emblemática meu destino, no início da década de 1980, cada um de sua maneira, objetivando o salvamento da cidade que habitamos.

Lembro como fosse agora, que o saudoso prefeito de Tapes, Armando Gross, o professor Álvaro Cardoso (o mestre Alvinho) e o Paulo Sérgio Pinheiro, jornalista do A Gaivota, deram o melhor de si para mobilizar a cidade e articular a defesa das águas da lagoa dos Patos, ameaçada pelo "tubão" do pólo petroquímico que estava sendo construído em Triunfo/RS, e prometia despejar milhões de litros de resíduos, dioxinas e outras porcarias oriundas da produção dos materiais deste empreendimento. Foram passeatas, reuniões, manifestações em toda a região que deram fim à ameaça.
Passados mais de 1/4 de século, vemos que a homenagem ao político está gravada na sala onde dizem, "democraticamente" são dirigidas as vidas do cidadão tapense.
Fiquei feliz também por ver reconhecida a pessoa do Alvinho, meu mestre no Ginásio, que teve seu nome perpetuado no Ginásio de Esportes da Escola Municipal José Divino Pereira.
Agora falta a digna homenagem para um dos precursores da imprensa escrita de Tapes, que há duras penas, pouco apoio, mantinha a circulação de seu jornal, onde informava a população sobre o que ocorria na cidade. Mas, como "os políticos" não são afeitos ao contexto midiático no atual momento, pode ser que seja apenas uma idéia sem muito fundamento de minha parte.
Passados tantos anos, muitos jornais nasceram e morreram "na praia" em Tapes, e hoje entendo mais do que nunca o poder deste instrumento, e que a imprensa deve servir a comunidade informando, comunicando, esclarecendo, questionando e trazendo à tona as situações e os pormenores dos assuntos públicos.
Deveria ser assim, mas não é, e pululam "boatos" como se fossem notícias de diversas situações ímprobas. Não sei se acredito em algumas delas, e na hora de escolher sobre o que escrever me dá um desânimo e descrença que me assusta. Para que? Será que vai dar alguma coisa? Será que haverá alguém para zelar pela lei e pelo respeito ao erário? Chamo o Batman, o Paladino da Justiça?
Depois de ler em jornais da região, meses atrás, que Tapes "iria" receber um Parque de Energia Eólica, não acreditei muito, pois foram muitas promessas noticiadas nos últimos anos, e não cumpridas pelos que detém o poder público "literalmente" na mão. Nas três esferas, diga-se de passagem...
Foi na Zero Hora de sábado (28/11/2009), que passei a não acreditar mesmo na versão de Parque Eólico em Tapes, pois não foi construído o parque dos cavalos, o parque e bosque do ex-camping, a pracinha no caminho do Fórum, e parece que a Praça Rui Barbosa teve "devastada" até árvore que não podiam cortar.
E mais, na manchete dizia que "Tapes é Candidata" para ter este tal parque eólico. Tapes foi candidata a muita coisa, e com o tempo se observa que nadavam, nadavam e você sabe o que acontece depois.
Agora, com a veiculação da notícia em Zero Hora, entendo que o objetivo econômico dos Espanhóis aqui no RS é o fator principal do projeto, assim como foi, e como havia dito poucas semanas atrás, ser o motivo do fechamento do Camping Municipal, segundo uma "justificativa" em nossa Rede via Orkut, "para não abrir concorrência com o setor privado", como outros campings e pousadas, hotéis, e congêneres.
Acredito que se houvesse uma análise do "potencial" de Tapes, os gringos iriam escolher Arambaré/RS, cidade que cresce e aparece, enquanto Tapes regride e está desaparecendo devido aos buracos que se abrem dia-a-dia na estrada da RS 717 e nas avenidas e ruas de nossa cidade, além do vazio cerebral dos que direcionam os "destinos dos tapenses" no Palácio do Povo. Um buraco sem fundo.
Mas, para não ser pessimista e anti-tapense como muitos vão dizer lendo este artigo, caso venha à ser implantado aqui o Parque Eólico, não vai ser por falta de "vento nas cabeças" que as hélices do gigante cata-vento irão deixar de girar.
Entendo também, que cada um dos três "heróis" de minha infância, 30 anos atrás, que deram de si para salvar a cidade soubessem do que viria no futuro, iriam repensar sobre a validade de seus atos e se mereciam os tapenses fosse feito algo.
É o que me questiono nestes 20 anos em que dedico meu tempo extra entre o trabalho de jardinagem e o uso de minha massa encefálica, meus neurônios, minha pedagogia da indignação, minha escrita e questionamento, minha coragem de assinar embaixo o que escrevo para alertar "gente que não merece", o que não é o caso de quase 17 mil almas de Tapes, mas “algumas” que desviam o caminho com bazófias, jactâncias, omissões, promessas e afins.

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